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Ana Claudia

YOGA e ENVELHECIMENTO ATIVO

Desde o nascimento até a velhice, nosso corpo passa por um processo natural de envelhecimento biológico. Este processo é inerente à evolução da vida e dividido em quatro fases: infância (do nascimento aos 11 anos), adolescência (12 a 20), idade adulta (21 a 65) e velhice (65 anos em diante). Ao longo de todas elas, o corpo passa por constantes mudanças, sobretudo entre as duas primeiras fases.


É importante ressaltar que as mudanças podem variar de indivíduo para indivíduo devido a questões relacionadas à constituição genética e características pessoais. Não vamos considerar aqui as alterações ligadas ao gênero, pois nossa proposta é focar no ser humano e no processo de envelhecimento. Estimativas indicam que entre os 30 e 40 anos, a perda anual de massa músculo-esquelética é de cerca de 1%, o que resulta em uma redução da força muscular que pode impactar negativamente a funcionalidade e qualidade de vida. Além disso, o declínio sensorial, envolvendo visão, audição, paladar e olfato, combinado com a diminuição da reserva funcional do organismo, são aspectos intrínsecos ao processo de envelhecimento.


Sabemos que a população global com mais de 60 anos tem aumentado nas últimas décadas, levantando questionamentos sobre como estamos envelhecendo, se estamos evoluindo com qualidade e se temos disponibilidade corporal. Alguns

estudiosos afirmam que envelhecer não implica necessariamente na perda de funções cerebrais, mas sim na redução da velocidade de transmissão de informações entre áreas do sistema nervoso. Estratégias desenvolvidas ao longo da vida podem compensar esse declínio, destacando a importância do aprendizado contínuo.





O estilo de vida também é um fator que pode influenciar negativamente o processo de envelhecimento. No mundo moderno, o aumento do estresse e as demandas da vida contemporânea contribuem para problemas de saúde, incluindo doenças neurodegenerativas. Com a expectativa de um bilhão de pessoas com mais de 60 anos em 2050, segundo a Organização Mundial de Saúde, é crucial compreender como cada indivíduo pode envelhecer de maneira saudável.


O fator genético não é o único responsável por doenças neurodegenerativas. Hábitos, dieta, ambiente e atividade física podem influenciar significativamente a saúde na velhice. A ciência busca entender as diferenças entre um envelhecimento saudável e o desenvolvimento de doenças degenerativas.


Nesse contexto, a prática do yoga pode ser uma ferramenta valiosa. Ao promover o equilíbrio físico e mental, o yoga pode contribuir para uma velhice saudável. Com a prática, pessoas acima de 60 podem se beneficiar com ganhos físicos, emocionais e espirituais. Na idade adulta, a prática regular oferece uma resposta

holística a demandas físicas.


Por meio de posturas suaves, adaptadas e conscientes, o yoga

possibilita o fortalecimento do corpo, o aumento da mobilidade e a melhoria do equilíbrio, contribuindo para a manutenção da independência funcional. Além dos benefícios físicos, também é um instrumento poderoso para promover a saúde mental e emocional.


O envelhecimento muitas vezes está associado a questões como solidão, ansiedade e até mesmo depressão. O yoga oferece técnicas de respiração, meditação e relaxamento que auxiliam na redução do estresse, promovendo a clareza mental e a tranquilidade emocional.


YOGA - O SEGREDO PARA O ENVELHECIMENTO ATIVO




Você já chegou a questionar se, de fato, o passar dos anos deve corresponder a perdas físicas? Sabemos que na jornada da vida, várias capacidades físicas vão diminuindo naturalmente, como força, velocidade e resistência. Essas mudanças não estão apenas relacionadas aos músculos, mas também envolvem alterações na coordenação dos movimentos corporais. A questão é que as transformações que o corpo humano passa não devem ser traduzidas em declínio, perda ou incapacidade. Podemos viver cada fase plenamente e melhor a cada dia.


Para o chefe de neurologia cognitiva e comportamental do Veterans Affairs Boston Healthcare System, professor de neurologia na Harvard Medical School e presidente do Science of Learning Innovation Group da Harvard Medical School Academy, Andrew E. Budson, uma das causas mais importantes da redução da força e da coordenação com o envelhecimento é simplesmente a redução dos níveis de atividade física.


No artigo “How to stay strong and coordinated as you age”, publicado no Harvard Health Publishing, ele explica que existe um mito em nossa sociedade de que é bom diminuir cada vez mais o exercício à medida que envelhecemos, porém, a verdade é exatamente o oposto. E eu concordo!


Segundo o acadêmico, à medida que envelhecemos, torna-se mais importante praticar exercício físico regularmente, talvez até aumentando o tempo dedicado ao exercício para compensar as alterações corporais nos hormônios e outros fatores que não podemos controlar. A boa notícia é que a prática de exercícios para melhorar a força e a coordenação pode beneficiar pessoas de qualquer idade.


O cuidado que se deve ter, é praticar algo seguro e que não leve a lesões. Para aprimorar a força e a coordenação dos 18 aos 88 anos, Budson recomenda exercícios aeróbicos e exercícios que promovam força, equilíbrio e flexibilidade por pelo menos duas horas por semana, como yoga, tai chi, pilates e levantamento de peso isométrico.


Em outro artigo, também publicado na Harvard Health Publishing, colocar- se em movimento é um recurso poderoso para tratar a depressão, uma condição que afeta inúmeras pessoas em todas as fases da vida, principalmente na idade adulta.


Antidepressivos costumam ser prescritos para tratar essa doença, porém, o exercício físico pode ser mais eficiente.

De acordo com um artigo, o exercício pode ser tão eficaz quanto os antidepressivos para algumas pessoas. O impacto positivo do exercício vai além da simples melhoria do humor. Quando praticamos alguma atividade, inicia-se uma cascata biológica de eventos que resulta em benefícios abrangentes para a saúde, como proteção contra doenças cardíacas e diabete, melhora do sono e redução da pressão arterial.


Uma observação interessante feita pelos pesquisadores é o efeito das endorfinas, substâncias químicas liberadas durante o exercício de alta intensidade, proporcionando uma sensação de bem-estar conhecida como a "euforia do corredor". No entanto, o verdadeiro valor reside nos exercícios de baixa intensidade sustentados ao longo do tempo. Esse tipo de atividade estimula a liberação de proteínas, chamadas fatores neurotróficos ou de crescimento, que promovem o crescimento e a conexão de células nervosas.


Em casos de depressão, os neurocientistas observaram uma redução do hipocampo, a região cerebral responsável pela regulação do humor. O exercício apoia o crescimento das células nervosas no hipocampo, melhorando suas conexões e, consequentemente, aliviando a depressão.


Mesmo reconhecendo as vantagens da prática de atividade física, sabemos que para muitos, começar é um grande desafio, especialmente para aqueles que lidam fisicamente com os sintomas da depressão, como distúrbios do sono, redução de energia e dores no corpo. Quebrar esse ciclo é possível com pequenos passos. O professor assistente de psiquiatria na Harvard Medical School, Dr. Michael Craig Miller, sugere começar com apenas cinco minutos por dia de qualquer atividade preferida.

Essa rotina inicial tende a se expandir organicamente, passando de cinco para 10 minutos e, gradualmente, para 15.

De fato, não há uma fórmula precisa para a duração e intensidade do exercício necessário para aliviar os sintomas da depressão, o consenso é que a melhoria comece a ser percebida algumas semanas após o início da prática regular. Importante ressaltar que o exercício não é uma solução única, mas sim uma parte fundamental de um tratamento de longo prazo.

A chave para incorporar o exercício na rotina é escolher algo sustentável ao longo do tempo, algo que a pessoa goste e queira continuar fazendo. Essa escolha vai contribuir para a saúde mental, e ainda promove um estilo de vida mais ativo e equilibrado. Em uma sociedade que sofre com sintomas da depressão, reconhecer o papel da atividade física como aliada natural na busca pelo bem- estar é essencial.


Neste contexto, o yoga tem se destacado como prática para gerar mais saúde e promover um envelhecimento saudável. Apesar de ser uma atividade disponível para a humanidade há milhares de anos, estudos recentes têm enriquecido argumentos coerentes sobre os seus benefícios para os mais diversos males ao longo da vida, sobretudo para a população idosa.


À medida que você evolui na prática, as transformações que ocorrem tanto no físico quanto no mental tornam-se mais perceptíveis para o yogui. Um estudo publicado no BioPsychoSocial Medicine, periódico da Sociedade Japonesa de Medicina Psicossomática, procurou identificar as experiências de adultos praticantes assíduos de yoga. Para isso, os pesquisadores fizeram entrevistas qualitativas, ao longo de dois anos, com 18 adultos que faziam yoga duas vezes por semana.







Para os pesquisadores, exercícios regulares de yoga, realizados pelo menos uma vez por semana, podem ser uma ferramenta valiosa na promoção da elasticidade da coluna em todas as faixas etárias. Além disso, o estudo ressaltou que os exercícios de yoga não apenas desempenham um papel fundamental na prevenção de problemas nas costas, especialmente na região lombar, mas também contribuem para a melhoria da qualidade de vida em geral para os idosos.


As posturas de yoga (asanas) são mantidas por períodos variados e oferecem uma série de estímulos em todo o nosso corpo. Na sala de aula ou em casa, é possível recorrer a recursos auxiliares para facilitar a prática, como esteiras, cintos e cobertores, reforçaram os pesquisadores no estudo. Esses recursos podem ser utilizados como um suporte valioso, especialmente para aqueles com diferentes níveis de condicionamento físico.


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